Um casal de índios pertencente a tribo Maués, vivia junto por muitos
anos sem ter filhos mas desejava muito ser pais. Um dia eles pediram a
Tupã para dar a eles uma criança para completar aquela felicidade. Tupã,
o rei dos deuses, sabendo que o casal era cheio de bondade, lhes
atendeu o desejo trazendo a eles um lindo menino.
O tempo passou rapidamente e o menino cresceu bonito, generoso e bom. No entanto, Jurupari,
o deus da escuridão, sentia uma extrema inveja do menino e da paz e
felicidade que ele transmitia, e decidiu ceifar aquela vida em flor.
Um dia, o menino foi coletar frutos na floresta e Jurupari se
aproveitou da ocasião para lançar sua vingança. Ele se transformou em
uma serpente venenosa e mordeu o menino, matando-o instantaneamente.
A triste notícia se espalhou rapidamente. Neste momento, trovões
ecoaram e fortes relâmpagos caíram pela aldeia. A mãe, que chorava em
desespero, entendeu que os trovões eram uma mensagem de Tupã, dizendo que ela deveria plantar os olhos da criança e que deles uma nova planta cresceria dando saborosos frutos.
Os índios obedeceram aos pedidos da mãe e plantaram os olhos do
menino. Neste lugar cresceu o guaraná, cujas sementes são negras, cada
uma com um arilo em seu redor, imitando os olhos humanos.
CURIOSIDADE!! O guaraná é um fruto da Amazonia usado para fazer uma soda ou
refrigerante de sabor doce e agradável. É uma bebida bastante popular na
Amazônia. A origem deste fruto é explicada na seguinte lenda.
Não
existe consenso a respeito de matita pereira ser um pássaro ou uma
velha. O fato é que Matinta possuí um assobio inconfundível, que o
caçador ao ouvir não tem dúvidas de ser ela. Matinta, segundo a lenda sai
a noite sobrevoa a casa daquele que zombou dela ou que a maltratou
durante o dia, assombrando e assustando as criações de animais ou
cachorros. Matinta gosta de mascar tabaco, um ponto fraco usado por
aqueles que querem descobrir a identidade de Matinta. Segundo a lenda,
quando alguém ouve o assobio de Matita na mata logo grita bem alto: "Vem
buscar tabaco!". no dia seguinte, nas primeiras horas da manhã Matinta
bate a porta da pessoa para buscar o tabaco prometido. A pessoa se
assusta e logo procura um pedaço de fumo para ofertar a Matinta, caso a
pessoa não der, Matinta volta a noite para assombrar a casa não deixando
ninguém dormir.
Algumas lendas contam que caçadores que encontraram Matinta no meio da mata, descreveram Matinta como uma mulher velha com
cabelos compridos e despenteados e que tem o corpo suspenso, flutua com os
braços levantados. Quem a ver fica paralisado de pavor.
Uma outra
lenda a respeito de Matinta Perêra, diz que quando Matinta pressente sua
morte, ela sai vagando pela noite e gritando: "quem quer? Quem quer?,
quem responder "eu quero", fica coma maldição de virar Matinta.
CURIOSIDADE!! Mito que ocorre no Sul, Centro e Norte e Nordeste
do Brasil. Para alguns, é uma variação da lenda do Saci.
Na região Norte, a Matinta Perêra, seria um pequeno índio,
com uma perna só e com um gorro vermelho na cabeça, semelhante
ao Saci, que só anda acompanhado por uma velha muito feia. Esta é provávelmente uma adaptação da lenda do
Saci. Inclusive o passáro no qual ela se transforma chamada Matiapererê,
que além de ser preta tem o costume de andar pulando numa perna só,
é a mesma que entre os Tupinambás, com o tempo se transformou
no moleque Saci.
Há muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma tribo indígena muito numerosa.
Como os alimentos eram escassos, tornava-se muito difícil conseguir
comida para todos os índios da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma
decisão muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças
que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional de
sua tribo.
Até que um dia a filha do cacique, chamada IAÇÃ, deu à luz uma bonita menina, que também teve de ser sacrificada.
IAÇÃ ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades de sua
filhinha. Ficou vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que
mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício
das crianças.
Certa noite de lua IAÇÃ ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta
de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao pé de uma esbelta
palmeira. Inicialmente ficou estática, mas logo depois, lançou-se em
direção à filha, abraçando-a . Porém misteriosamente sua filha
desapareceu.
IAÇÃ, inconsolável, chorou muito até desfalecer. No dia seguinte seu
corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira, porém no rosto
trazia ainda um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto
da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros.
Itaki então mandou que apanhassem os frutos em alguidar de madeira,
obtendo um vinho avermelhado que batizou de AÇAÍ, em homenagem a sua
filha (IAÇÃ invertido). Alimentou seu povo e, a partir deste dia,
suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.
CURIOSIDADE!! O Açaí é o fruto de uma palmeira (Euterpe Oleracea) bastante comum e abundante no Pará, onde seguramente tem o seu indigenato. No vizinho estado do Maranhão seu nome é Juçara; na Venezuela é Manaca, e
Quasei, Qapoe no Suriname. Desse fruto se extrai um caldo escuro e
cremoso, de cheiro e sabor característico, conhecido como vinho de açaí e
que tanto pode ser servido puro, com açúcar,. com farinha de mandioca,
de tapioca, ao natural ou gelado. Do vinho de açaí se obtém diversos
manjares da culinária paraense, principalmente sobremesas. É o nosso
correspondente a "ambrosia" dos deuses mitológicos do Olimpo.
Pirarucu era um índio que pertencia a tribo dos Uaiás que habitava as
planícies de Lábrea no Sudoeste da Amazonia. Ele era um bravo guerreiro
mas tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo. Pirarucu era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente
orgulhoso de seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita
amigável a tribos vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião
para tomar como refém índios da aldeia e executá-los sem nenhuma motivo.
Pirarucu também adorava criticar os deuses. Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhase seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçú, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucú, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins, não muito longe da aldeia.
O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras de desprêzo. Então Tupã enviou Xandoré, o demônio que odeia os homens, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante enviado por Xandoré, acertou o coracão do guerreiro que mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão.
Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.
CURIOSIDADE!! O pirarucu é um peixe da Amazônia, cujo comprimento pode
chegar até 2 metros. Suas escamas são grandes e rígidas o suficiente
para serem usadas como lixas de unha, ou como artesanato na forma de
chaveiros, ou simplesmente vendidas como souvenirs. A carne do Pirarucu é suave e usada em pratos típicos da nossa
região. Pode também ser preparada de outras maneiras, frequentemente
salgada e exposta ao sol para secar. Se fresca ou seca, a carne do
pirarucu é sempre uma delícia em qualquer receita. O pirarucu ainda não é uma espécie em extinção...
Vivemos atualmente uma perda
da capacidade de fantasiar da criança, às vezes parece ser tão
difícil fazer com que o aluno adentre o mundo da narrativa, se encante
com as peripécias dos personagens, se engajem nesse universo fantástico
que a literatura nos propicia. Por isso vejo nesse trabalho a relevância de insistirmos com as histórias populares da nossa região, utilizando com suporte as Tecnologias para incrementar e despertar para um novo aprendizado.